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  • YOKOTA & XAVIER Odontologia

Minha gengiva sangra, devo diminuir a escovação?



Uma crença muito comum e bastante prejudicial é a de que, quando a gengiva está sangrando, devemos reduzir a escovação e uso de fio dental na região até que o sangramento pare, pelo medo que existe de a higienização ajudar a aumentar o sangramento gengival.


Para evitar que você também tenha esse receio e que quadros de sangramento gengival se agravem, vamos, primeiro, explicar qual a causa do sangramento de gengiva.


O sangramento que observamos é produto de uma reação de defesa da gengiva contra algum agente agressor, e essa reação de defesa é chamada reação inflamatória. A presença de sujeira ou placa bacteriana nas superfícies dos dentes próximas à gengiva é a causa mais comum das inflamações gengivais, que se iniciam como um quadro chamado gengivite. Neste momento inicial, ainda na fase de gengivite, a gengiva fica inchada (parece que os dentes ficam “menores”), avermelhada, lisa ou brilhante e ocorrem sangramentos durante a escovação, uso do fio dental ou ao morder alimentos mais duros. Em quadros mais avançados de doença gengival, quando a causa da inflamação, que é a placa bacteriana, não é removida, o osso onde o dente está inserido também desenvolve resposta inflamatória e é reabsorvido, o que resulta em “dentes moles”, num quadro chamado periodontite, quando o dente perde o suporte ósseo.


Ainda na fase de gengivite, o quadro é reversível quando a placa bacteriana é removida e a limpeza mantida, pois os tecidos de suporte têm tempo para voltar ao seu estado normal. Tendo sido revertido o quadro, a gengiva passa a ter, novamente, sua cor rosada, seu aspecto de “casca de laranja” (superfície cheia de “furinhos”, não mais brilhante ou lisa), desincha (os dentes parecem ficar “maiores” na boca) e ela para de sangrar. Se o agente causador da doença não é removido em tempo e ocorre avanço da doença para o quadro periodontite, com perda de suporte ósseo e mobilidade dentária, a situação já não pode mais ser revertida totalmente para o estado anterior à doença, pois o suporte dentário não pode mais ser totalmente recuperado, mas sim, controla-se a doença para que não avance mais e não leve à perda de dentes.


Existem, também, casos em que a gengiva sangra porque foi machucada durante uma escovação traumática, uso do fio dental de forma errada, ou porque algum alimento duro foi mordido, por exemplo. Nessas situações, a inflamação da gengiva não tem como causa a placa bacteriana, mas o acúmulo de sujeira na região pode contribuir para agravar o quadro de inflamação preexistente e aumentar o sangramento.


Tendo entendido como ocorre o sangramento da gengiva, fica fácil responder: quando a gengiva sangra, você deve reduzir a escovação na região até que ela volte ao normal sozinha? Claro que não! Quadros de sangramento gengival indicam que algo não vai bem na área, e uma boa higiene é fator primordial para ajudar na recuperação e prevenir novos problemas. A atenção deve ser dada para que as técnicas de higienização sejam aplicadas corretamente, para não provocar traumas ou retrações gengivais.


Consultas preventivas periódicas com o dentista são imprescindíveis para que o profissional complemente o controle de placa e realize remoção de tártaro com limpeza profissional e raspagens, além de orientar como devem ser corrigidas as falhas cometidas na higienização.


Ainda, o acompanhamento profissional é fundamental para identificar quando os sangramentos gengivais indicam problemas mais sérios: existem casos em que a intensidade e frequência do sangramento e do restante dos sinais inflamatórios na gengiva são exagerados, desproporcionais à quantidade de placa bacteriana presente na boca (gengiva muito inchada com sangramentos espontâneos várias vezes ao dia são alguns deles). Nestas situações, além do controle local da placa bacteriana, é essencial identificar as causas gerais para a reação inflamatória aumentada, que podem ser desde alterações hormonais (como as que ocorrem em mulheres grávidas ou em tratamento para engravidar), diabetes descompensadas, HIV ou leucemia (um tipo de câncer que acomete o sangue), por exemplo, para que o devido tratamento ou acompanhamento possa ser feito.



Este artigo tem objetivo de divulgar informações sobre tópicos gerais de odontologia e saúde oral. Seu conteúdo não substitui a orientação, o diagnóstico nem o tratamento com profissional especializado. Quaisquer dúvidas que você tenha sobre tratamentos, sinais ou sintomas de doenças devem ser sempre esclarecidas com seu dentista, médico ou outro profissional especializado.


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